sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

EDUCAÇÃO NÃO DÁ SAMBA

A proposta educacional do prefeito do Rio - apesar da maquiagem - permanece a mesma de outros carnavais:  é uma política de assoreamento da educação pública e de sucateamento da função docente.O professor deve ser um mero executor de projetos institucionais que, pouco ou nada tendo a ver com a realidade em que se aplicam, são feitos para gastar o dinheiro da educação básica com quem não participa dela.
Professores excelentes já são uma raridade na educação municipal pois quem sabe o seu valor e consegue reconhecimento voa para outras bandas. O que acontece é que a evasão dos bons professores favorece cada vez mais a educação privada e aumenta as desigualdades entre o ensino público e o particular.
Ficam nas escolas municipais, com raras excessões, os mais antigos, menos preparados ou menos dispostos - acometidos pela doença da "estabilidade"-   a se lançarem outra vez na guerra do mercado de trabalho.
Salários injustos, plano de carreira medíocre, condições de trabalho precárias e o testemunho constante do tratamento displicente e repulsivo que o governo dispensa à classe docente têm destruído a auto estima e a saúde física e emocional do professor.
O último golpe, aquele que me fez sentir o quão baixo é o valor da escola em nossa sociedade, foi a reação da prefeitura ao incêndio nos barracões do samba. Quase deu pra enfartar com a prontidão do prefeito em gastar milhões de reais do dinheiro público para ajudar as escolas de samba a refazer fantasias e reconstruir o espaço danificado. Mas algo inexplicável aconteceu - talvez tenha faltado cimento no parquinho olímpico do Rio Centro - e ele não vai mais, gastar mais ainda com o carnaval. Quase dá pra acreditar que ele desistiu, acudido pela iniciativa privada, que vai pagar a conta para manter a grande fantasia de que esta é uma  cidade maravilhosa. Ufa! Guardei minha pedrinha.
Enquanto isso, fora da cidade do samba, o ano letivo começou e os alunos não receberam seus uniformes. As escolas - de aula, não de samba - começam a  receber as crianças que estudarão o ano todo em salas sem pintura, sem ventiladores e com vazamentos. Algumas estão com os  muros caindo, os  banheiros podres e o mobiliário velho é uma constante e um  perigo para alunos e professores. Nada que não existisse ou não acontecesse antes, mas são  "absurdos" que o atual prefeito garantiu que não se repetiriam mais.
Nunca disponível para a educação ou liberada a conta gotas, as verbas públicas gostam de pular carnaval ou, pular no carnaval dos outros, e se derramam com facilidade e  velocidade impressionantes.
Diretores e professores continuam dando nó em pingo d'água e rebolando pra não sambar. Afinal, educação não dá audiência e investimento no Rio de Janeiro não se faz em livros, mas em plumas e paetês.

O gabinete do prefeito adverte: Dinheiro para usar com a educação é um gasto que pode "onerar drasticamente os cofres públicos". Dinheiro esbanjado  no carnaval é investimento. Está aí mais uma explicação para o desastre que incendeia e destrói o sistema educacional público e tira toda chance do aluno brilhar.

Ps:  Não precisa nem dar nome ao prefeito porque, Eduardos, Josés ou Marias , o descaso será sempre o mesmo enquanto a sociedade aplaudir. E como aplaude!

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